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sexta-feira, 5 de março de 2021

Resumo discussão Cap. I - A emergência do gênero


 

 “Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância, já que viver é ser livre.” - Simone de Beauvoir.


Para entender a necessidade da existência de luta por igualdade de gênero é preciso compreender nossa sociedade como reprodutora de machismo em sua essência. O Brasil segundo o IBGE possui 51,8% de sua população reconhecidamente do gênero feminino, mas onde estão essas mulheres nos espaços de poder social?

De trinta e oito presidentes da república apenas uma mulher foi eleita para o cargo, Dilma Rousseff foi empossada em 1 de janeiro de 2011 e após reeleição em 2014, sofreu um golpe em agosto de 2016 não concluindo seu mandato. Fundado em 1829 o Supremo Tribunal Federal após 177 anos de existência em 2006 teve a primeira mulher presidindo o plenário da côrte a ministra Ellen Gracie Northfleet,  14 anos depois em outubro de 2020 a ministra Rosa Weber tornou-se a terceira mulher a presidir uma sessão no STF. Dados apresentados em 2020 pela revista Forbes apresentam que das dez pessoas mais ricas do Brasil somente uma é mulher ocupando a oitava posição Luiza Helena Trajano é responsável por comandar uma das maiores redes de loja varejistas do país. A primeira mulher parlamentar no Brasil foi a princesa Isabel, que ao completar 25 anos ascendeu em 1871 ao cargo de senadora, sendo Eunice Michiles a segunda mulher a ocupar o cargo e a primeira eleita ao senado apenas em 1979 ou seja 108 anos após a princesa Isabel.

Os dados supracitados são vitórias importantes para a luta da igualdade de gênero mas também nos mostra o quão ainda é resistente em nossa sociedade a presença das mulheres em espaços de poder, o capítulo I do livro “Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista” de Guacira Lopes Louro nos remete a essa reflexão do decorrer das lutas do movimento feminista por esses espaços de poder na politica, ciência, no ambiente profissional e na sociedade no geral, ela nos mostra o como é invisibilizado as questões de gênero e o quanto elas estão fortemente ligadas as desigualdades sociais.

Guacira no capitulo I “A emergência do gênero” diz que normalmente quando falamos de movimento feminista é comum remetemos as lutas do seculo XIX e lembrar das sufragistas que brigaram pelo direito ao voto, mas pouco se fala da “segunda onda” do feminismo com a expansão dele no mundo academico e cientifico. Guacira expõe no capítulo a importância da teorização do movimento justamente para elencar e buscar caminhos que resolvam questões importantes na luta por mais igualdades de gênero. Essa inserção das idéias feministas no meio científico encontrou muita resistência, justamente por esses espaços em maioria dos casos legitimar as ideias machistas perpetuadas em sociedade. 

Por vários momentos houve tentativas de invalidar as ideias feministas na ciência a princípio por serem supostamente politizadas demais, mas não limitando-se a isso e os contrários buscavam também legitimar seus argumentos para a existência das desigualdades entre homens e mulheres baseando-se em aspectos biológicos, buscando comprovar a necessidade de papel feminino e masculino na sociedade. Mas Guacira diz que “não é negada a biologia, mas enfatizada, deliberadamente, a construção social e histórica produzida sobre as características biológicas” ou seja a ideia de gênero decorre de uma construção social, não biológica, e essa construção incide sobre corpos. E não apenas afetando a vida de mulheres cis heterossexuais mas também a vida de LGBTQIA+, pois dentro dessa logica binaria (masculino-feminino, dominar-dominado) se constroi esses papeis predeterminados para esses corpos e é latente como quem não se encaixa neles é oprimido na vida em sociedade, fazendo assim necessidade desses atores construirem uma força de resistencia. 



Por fim, quando entendemos que a construção da ideia de gênero é histórica e compreendemos melhor como os discursos, as representações e as relações entre homens e mulheres mudaram no decorrer dos anos, é possível assim chegar a inferir que a ideia de identidade de gênero é fluida. No capítulo é citado uma fala de Teresa de Lauretis "a construção do gênero também se faz por meio de sua desconstrução" essa ideia é o que deve guiar aquele que anseia estudar sobre gênero e sexualidade, pois nossa sociedade nos moldou machistas e por isso é necessário desconstruir nossos comportamentos, algumas opressões são tão naturalizados que por vezes é praticado até por pessoas que são vítimas dessa opressão, é necessário um constante esforço para mudar o status quo. Guacira termina o capítulo nos alertando que “é indispensável admitir que até mesmo as teorias e as práticas feministas — com suas críticas aos discursos sobre gênero e suas propostas de desconstrução — estão construindo gênero”.


Desmistificando o temido “Kit Gay”

      



        Com sua distribuição suspensa em 2011 pela então presidente Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), o “Kit Gay” foi o centro de um dos episódios mais lamentáveis para a luta e a garantia dos direitos humanos na história brasileira. Com discursos inflamados, representantes eleitos para o Congresso Nacional propagaram fake news e expressaram sua indignação destilando discurso de ódio sobre o material proposto pelo programa Brasil sem Homofobia, do governo federal.

 Diferente do que foi propagado por alguns políticos e religiosos nas redes sociais, o chamado "kit gay" fazia parte do Projeto Escola Sem Homofobia, que estava dentro do programa Brasil sem Homofobia, do governo federal, desde o ano de 2004. Ele era um material voltado para a formação de educadores, e não tinha  nenhuma intenção inicial de ser distribuído para os estudantes. Após muita agitação social, originada por setores conservadores e infelizmente por nossa sociedade brasileira majoritariamente ainda ser uma sociedade machista e LGBTfobica, o programa infelizmente não chegou a ser colocado em prática.

 Mas como ninguém é obrigado a nada cá estou eu, estudante de licenciatura apreciando esse polemizado material, buscando aprimorar minha formação como futuro educador. Será que de fato o tal material poderia ser denominado como “Kit Gay”? Tem “mamadeira de piroca”? E o livro "Aparelho Sexual e Cia - Um guia inusitado para crianças descoladas", do suíço Phillipe Chappuis, será que estava na lista dos materiais didáticos previstos no projeto?

Para isso vamos entender o que é o Kit Escola sem Homofobia e o que de fato compõe ele. O kit “Escola Sem Homofobia” (não kit gay) não é nem de perto o que a tia do grupo do “zap zap” falou, nem o que políticos conservadores propagaram na mídia. Qualquer pessoa que tiver um pouco de paciência para destrinchar o material vai ver que nele não existe nenhuma “mamadeira de piroca” e que nem sequer poderia ser chamado de “Kit Gay”, por se tratar de um material que aborda temas mais amplos, apresentando questões de gênero e sexualidade. O  livro "Aparelho Sexual e Cia - Um guia inusitado para crianças descoladas", do suíço Phillipe Chappuis, diferente do que foi propagado pelo atual Presidente da República (aquele que não se deve falar o nome), nunca fez parte do projeto “Escola Sem Homofobia”, essa e outras notícias falsas pressionaram o governo para que suspendesse o projeto na época. 

Mas, caso haja um eventual retorno, minha primeira sugestão seria a mudança do nome do projeto, isso porque após analisar o caderno e os vídeos propostos no material vi que o kit abrange muito mais que a discussão da homofobia em si, ele aponta caminhos para que o educador leve para a sala de aula discussões de gênero e sexualidade, abordando as diferenças entre homens e mulheres, o que são as pessoas transgeneros, debates sobre a violência a LGBTQ+ no ambiente escolar e propostas para que o corpo escolar tome medidas para combater essas violências no ambiente escolar, por isso acredito que o nome do projeto deveria se dá a partir da abrangência que o material apresenta.

Os itens que tive o privilégio de analisar foi uma caderneta disponível no site do Nova Escola, e também pude ver dois dos três curta metragens que estavam inclusos no kit, um filme de 25 minutos chamado "Boneca na mochila" e outro audiovisual que engloba três histórias o “Probabilidade”, “Torpedo”"Encontrando Bianca", além desses também tinha uma animação chamada “Medo de que”, esse curta não foi possível apreciar pois havia sido deletado do youtube. 

Primeiro ao ler a apresentação vemos que houve um esforço dos autores em dizer a intenção do material  quando explicam que o projeto Escola sem Homofobia tem como objetivo “contribuir para a implementação e a efetivação de ações que promovam ambientes políticos e sociais favoráveis à garantia dos direitos humanos e da respeitabilidade das orientações sexuais e identidade de gênero no âmbito escolar brasileiro”, infelizmente muitos dos que criticaram sequer leram o material e não tinham ideia do que estava proposto por ele, qualquer pessoa que for ler o material vai entender que o kit se trata do que foi expresso nessa frase supracitada. É um aparato teórico-metodológico que tem como objetivo apresentar soluções para a problemática da LGBTfobia.

Após a apresentação, vem a introdução e os autores novamente discorrem sobre os objetivos do material e apontam a metodologia aplicada na construção do mesmo e ainda assim, mesmo que com todo um repertório de pesquisa o material foi questionado inúmeras vezes pelas bancadas conservadoras no Congresso Nacional. Após isso há um resumo de tudo o que está previsto no kit que é composto de um caderno, uma série de seis boletins, um cartaz, um cartão de apresentação para os gestores e educadores e três vídeos (sem mamadeira de piroca). Nesse resumo do material é interessante apontar que houve uma preocupação de apresentar a sinopse de cada um dos audiovisuais com a classificação indicativa de cada um deles, mesmo esse material não tendo sido feito para os estudantes, ele poderia servir (se o educador assim julgar) para o uso em sala de aula.

Todo o material é muito interessante, mas acredito que seria importante uma revisão para atualização dele, em alguns pontos. A princípio sobre os vídeos que tive oportunidade de assistir alguns me agradaram muito como o “Torpedo” e  "Encontrando Bianca" ambos tinham uma linguagem muito bacana que proporciona ao espectador entender as emoções dos personagens, ambos inseridos no contexto escolar, os demais vídeos me agradaram parcialmente, isso porque acredito que talvez seja necessário realizar uma revisão de roteiro dos vídeos "Boneca na mochila" e “Probabilidade”. 

O vídeo Boneca na Mochila se trata da história de uma mãe que foi chamada para a escola do filho pois ele havia sido encontrado com uma boneca, no meio do caminho para a escola dentro do táxi do seu Lair (que por sinal falava parecido com um certo presidente) no rádio do carro ela ouve a situação envolvendo seu filho sendo discutida por diversos especialistas que magicamente apareceram no programa, além de ter uma atuação e roteiro com pegada de novela mexicana em um momento do vídeo acontece a fala de um especialista que se dirige a mãe da criança, afirmando que ela não deveria se preocupar com o filho estar brincando de boneca pois não necessariamente isso representaria ele ser gay, até aí tudo bem, mas a expressão de alívio da personagem após essa informação é algo que me causou uma imensa tristeza e incômodo, fora os comentários feitos pelo personagem Lair que reforçam a imagem de um homem hetero machista que já vemos cotidianamente na sociedade e na mídia. Fora que os personagens passam praticamente 23 minutos tendo comportamento LGBTfobicos e nos 2 minutos finais eles meio que buscam se redimir, gastar um tempo imenso desse para expor falas desnecessárias e violentas para depois fingir que magicamente tudo muda no final, no meu ponto de vista não é interessante, o que tem de interessante nesse vídeo é algumas falas dos especialistas, pois servem para desmistificar tabus que existem na sociedade. No vídeo “Probabilidade” que é abordado uma história envolvendo adolescentes que estão na idade de descoberta sexual, o ponto mais importante que foi abordado é a bissexualidade, algo que até para pessoas inseridas na comunidade LGBTQ+ é ainda um tabu, o único problema que encontrei foi na fala animada do narrador ao dizer que o personagem Leonardo teria uma “vantagem” de 50% mais chances de ter um relacionamento, por se relacionar com homens e mulheres, apontar o fato de uma pessoa bissexual se relacionar com pessoas de ambós os sexos como uma “vantagem” dá a entender que quem não se encaixa no universo de bissexuais sejam pessoas em desvangem, podendo reforçar ideias de que existe uma sexualidade melhor que a outra, o que não cabe em um material como esse.

Retornando ao caderno encontramos três capítulos, sendo o primeiro “Desfazendo a confusão”, o segundo “Retratos da homofobia na escola” e o terceiro “A diversidade sexual na escola”, mais dois anexos voltados para sugerir como trabalhar com os vídeos e o cartaz. Os capítulos apresentam um um repertório teórico-metodológico que vai auxiliar o educador a compreender mais sobre os temas e também como trabalhar as temáticas com seus estudantes.

No capítulo “Desfazendo a confusão” é proposto uma desconstrução do que é compreendido sobre gênero e orientação sexual, os autores tentam desmistificar as questões de gênero expõem com dados as desigualdades existentes entre homens e mulheres, aponta para problemática da diferença de gênero no cotidiano da escola, mostrando que isso ocorre entre estudantes, docentes e colaboradores e também questiona sobre o papel da escola. No capítulo podemos ver piadas e brincadeiras que devem ser refletidas por toda a comunidade escolar, frases que são reforçadas cotidianamente no ambiente escolar como “meninos jogam futebol e meninas vôlei.", frases como essa acabam definindo que meninos e meninas devem ter aprendizados diferentes e posturas diferentes na escola e isso reflete na sociedade. 

 “Eu não podia jogar porque eram as meninas que jogavam vôlei; os meninos tinham de jogar futebol. Então eles me diziam: ‘Aí, é viado! É bicha!’ Desde a 5.ª até a 8.ª série, isso era direto.” 


O capítulo também explica sobre a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual, o que na maioria das vezes é confundido por muitas pessoas que acreditam que, pro exemplo, que um homem trans é o mesmo que uma mulher cis lesbica quando na verdade uma relação de um homem trans com uma mulher cis nada mais é que uma relação heterosexual e a duvida as vezes pode fica ainda maior quando por exemplo encontramos uma situação de um transgenero que é homossexual, como no caso da novela “Força do Querer” da Gloria Pires, em que o personagem Ivan e um homem trans é atraido por um outro rapaz cisgenero, o que para algumas pessoas como minha avó de 65 anos é algo estranho e gera questionamentos. Esses questionamentos surgem porque foi criado uma caixinha imaginária em que é apresentada para todo mundo em vários espaços sociais (casa, escola, espaços religiosos e outros) que se a pessoa foge de um determinado padrão de homem e mulher estipulado pela sociedade essa pessoa obrigatoriamente é “bicha” ou “sapatão” ignorando sua identidade de gênero e sua orientação sexual. Por isso os vídeos apresentados no material (mesmo que alguns precisando de revisão) são importantes, para justamente desmistificar essa ideia de que todo mundo deve seguir uma espécie de roteiro, e que nesse roteiro tem os arquétipos obrigatórios para que alguém seja isso ou aquilo.

No primeiro capítulo o que eu chamo atenção para uma correção é na proposta de dinâmica sugerida, na primeira etapa no item 3 é proposto que deja feita a divisão da turma “em pares do mesmo sexo” e logo no começo do capitulo um fragmento retirado do jornal O Estado do Paraná (2001) que diz “A fila da direita é das meninas e a da esquerda é dos meninos. Muita gente já passou por essa divisão na escola. A diferenciação por sexo começa desde cedo e contribui para uma divisão ou exclusão de grupos que pode durar a vida toda.”, ou seja realizar essa dinamica dividindo os alunos por sexo seria novamente uma forma de reforçar a separação deles. Por coincidência no período que atuei no PIBID, eu realizei essa dinâmica similar a proposta, invés de dividir por duplas do mesmo sexo, pedi para que os estudantes fizessem um semi-circulo e que quem quisesse falasse uma frase que supostamente definiria homem e mulher. E nisso os estudantes foram apresentando essas definições e no fim perguntei para cada gênero o que ali não representava eles. Ainda busquei falar com um referencial histórico sobre comportamentos que antes definiam os papéis de homens e mulheres que hoje não são mais aceitos. E apresentei um vídeo da drag Rita Von Hunty, que é genialmente feito pelo professor doutor Guilherme Terreri, onde ela também apresenta esse aspecto histórico do que é o gênero e como ele não é definido apenas por um órgão genital. 

No segundo capítulo “Retratos da homofobia na escola” o capítulo mostra como a LGBTfobia se manifesta no cotidiano do ambiente escolar, Como isso se expressa por por meio da construção de estereótipos e do silêncio que ocorre diante de situações de violência contra LGBTQ+. Para defender essa análise, o material apresenta pesquisas que evidenciam que há uma cultura homofóbica nas escolas. 

Nos distintos cantos do Brasil, essa violência vai ocorrer de um modo diferente,  dependendo principalmente da cultura escolar local. Como é algo velado, e não pode ser visto na superfície da organização nem nas diretrizes e normas do sistema educacional, muitos não encaram e acreditam que é algo inexistente. Só que com um olhar mais atento é possível perceber que, apesar de implícito, esses dispositivos pedagógicos de gênero acabam atuando fortemente no currículo,nos costumes, nas imagens e na relação entre os atores envolvidos na comunidade escolar. Por vezes, isso ocorre nas representações feitas das famílias em livros didáticos, onde quase sempre vemos unicamente famílias heterosexuais sendo representadas, por exemplo.

 Ainda no segundo capítulo tem um subtítulo “A homofobia na escola: o que dizem algumas pesquisas” que em especial apresenta dados relevantes sobre como anda o pensamento da comunidade escolar em relação a gênero e seuxalidade, saber uma pesquisa feita pela UNESCO, publicada no ano de 2004 (o que reforça a necessidade de atualizar o material), realizada em 241 escolas públicas e privadas de 14 capitais brasileiras, cerca de 25% dos estudantes afirmaram que não gostariam de ter colegas homossessuais, esse dado ficam mais alarmantes quando abaixo vemos outra pesquisa que diz que, 93,5% das pessoas entrevistadas têm algum nível de preconceito com relação a gênero e  87,3% das pessoas entrevistadas têm algum nível de preconceito com relação à orientação sexual. O que reforça a necessidade da discussão do tema no ambiente escolar.

No terceiro capítulo “A diversidade sexual na escola” o caderno apresenta propostas de atividades para ajudar gestores e docentes como a incluir o combate à homofobia na elaboração de seus Projetos Político-Pedagógico (PPPs). A construção desses PPPs, que deve ser um processo coletivo e democratico, norteado pela escuta de todas as vozes envolvidas, é preciso mostrar aos pais, docentes, colaboradores e estudantes o quão importante é incluir o debate de gênero e sexualidade na escola. E o capítulo segue apresentando sugestões e  caminhos para uma escola sem LGBTfobia.

Nas considerações finais, o material reforça novamente o quão importante é a formação de educadores sobre o eixo temático gênero e sexualidade para que situações de violência a LGBTQ+ sejam evitadas. Ninguém nasce odiando LGBTs, as pessoas são educadas a odiar e no campo da educação é que devemos combater esse mal que torna nosso país o que mais mata homossexuais e transgeneros. 


quarta-feira, 21 de outubro de 2020

NUNCA ME SONHARAM


Capa filme Nunca Me Sonharam

    Dirigido por Cacau Rhoden, o documentário “Nunca Me Sonharam” trata sobre os desafios contemporâneos da educação, os anseios para o futuro e os sonhos de quem vive a realidade das escolas públicas no Brasil. Para isso Rhoden junto com André Finotti e Tetê Cartaxo construíram uma história que trouxe as vozes de estudantes, professores, gestores e especialistas, um documentário que reflete a importância e o valor da educação na sociedade brasileira.

    De origem humilde, Rhoden, é filho de imigrantes e trabalhava como office boy para ajudar em casa. Em entrevista para a repórter Fernanda Peixoto, ele contou que sua história com o cinema surgiu na rua XV de Novembro, na região central de Curitiba, ele viu um cartaz que lhe chamou atenção na porta de um cinema e como tinha dinheiro resolveu comprar um ingresso. O nome do filme que estava em cartaz era “Sonhos”, do cineasta japonês Akira Kurosawa. Ele afirmou para a repórter que saiu do cinema decidido que era aquilo que eu queria fazer pelo resto da vida. 


Trailler "Nunca Me Sonharam":


   

    Em “Nunca Me Sonharam” que também trata de sonhos, é exposto a negligência da sociedade brasileira para com os jovens, os anseios dessa juventude, os desafios encarados por ela, o desmantelamento dos sonhos ocasionados por um país altamente desigual, as tensões que ocorrem em uma escola que é hierarquizada, altamente linear e conteudista, que não agrada e nem comunica com essa nova geração. Mas também, o documentário expõe contrapontos com a opinião dos personagens engajados com questionamentos e experiências que buscam refletir e apresentar soluções que visem melhorar a realidade da escola pública. 

    Com trilha sonora composta por Conrado Goys, e uma sonoridade que combina com o modo leve que o documentário exibe os sonhos dos vários atores sociais que compõe a escola pública brasileira. “Nunca Me Sonharam” nos convida para uma revolução no cenário da educação, apresentando realidades distintas, com depoimentos captados em sete estados da federação, e nos leva a refletir o quão importante é a nossa atuação e o papel da educação, como agentes transformadores da realidade.




quinta-feira, 2 de maio de 2019

Qual seu patrimônio hoje? Aumentar esse patrimônio para você é importante?




Para sua vida financeira estar estável e ter uma vida digna você acredita que necessita de quanto? Em sala de aula foi feita essa pergunta e muita gente pensou em valores como 10 milhões de reais, 150 milhões e valores similares, também houve quem desse valores menores como 100 mil reais. Esse questionamento levantado foi muito importante para compreender posteriormente o quão por vezes somos pessoas que se deixam levar para o caminho do acumulo de riquezas que nossa sociedade capitalista defende.

O que muitos de nos acaba esquecendo é que esta posse de bens por vezes é nada mais que uma pratica vaidosa de nossa natureza social, na qual nos faz entender que para viver bem nós precisamos ter mais coisas, mais posse e mais poder. Só que o que vemos é que por vezes as pessoas se preocupam tanto em adquirir materiais, que esquecem de viver e aproveitar esses bens adquiridos, o que transparece que eles não eram tão necessários assim e como ninguém é imortal um dia a hora da morte chega e tudo aquilo que você tem você não pode levar.

Nesta mesmo dia de aula foi passado para os alunos um texto publicado na Folha de São Paulo pelo Doutor em Ciência Politica Jorge Caldeirão cuja ele tratava sobre "A teoria do valor Tupinambá". Nesse texto ele inclui o relato de um missionário francês que acompanhava expedições para a extração do pau-brasil e como nesse processo de exploração houve uma participação indígena eles tiveram um contato importante com o povo tupinambá, através desse contato ele pode registrar pensamentos de um ancião tupinambá:

"Uma vez um velho perguntou-­
me: 'Por que vindes vós outros, maírs e perôs [franceses e portugueses] buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?'. Respondi que tínhamos muita, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas".

"Retrucou o velho imediatamente: 'E porventura precisais de muito?'. 'Sim', respondi-­
lhe, 'pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-­brasil com que muitos navios voltam carregados'. 'Ah!', retrucou o selvagem, 'tu me contas maravilhas', acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: 'Mas esse homem tão rico de que me falas não morre?'. 'Sim', disse eu, 'morre como os outros'."

"Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-­
me de novo: 'E quando morrem, para quem fica o que deixam?'. 'Para seus filhos, se os têm', respondi. 'Na falta destes, para os irmãos ou parentes mais próximos'. 'Na verdade', continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, 'agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-­los também? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que, depois da nossa morte, a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados'." 

O registro do argumentos a respeito de assuntos como economia era extremamente difícil nos tempos de Jean de Léry. Tão complicado que este é um dos únicos textos do século 16 que registra as ideias tupinambás. E a sabedoria exposta pela fala do ancião nos leva a refletir se de fato não é insano nossas vidas serem tão consumidas pelo trabalho, a humanidade desenvolveu tanta tecnologia, tantas técnicas para facilitar a produção e ainda assim em nome da riqueza dos donos dos meios de produção passa boa parte de sua vida servindo para enriquecer um pequeno grupo. 

O que se sabe do cotidiano dos tupinambás é de que eles viviam em uma sociedade onde cada membro tinha sua função, realizava seu trabalho em um curto período de mais ou menos 4 horas e após fazer isso ia aproveitar para fazer outras coisas para si ou para a aldeia. E sem duvidas eles deveriam viver muito mais satisfeitos que nós hoje em dia.

Seria possível trabalhar menos e ganhar mais do que se ganha hoje e produzir o suficiente para sobreviver? A resposta vocês podem me dar nos comentários. Um forte abraço!!

segunda-feira, 29 de abril de 2019

O aquecimento global realmente existe?




A filosofia, mãe praticamente de todas as ciências vem passando por um difícil momento neste ano de  2019, com diversas ameaças feitas pelo governo de redução de investimentos no campo das humanidades a mãe do pensamento critico hoje se vê em risco com os anúncios de nosso excelentíssimo presidente da republica (vulgo twitteiro e blogueirinho) Jair Messias Bolsonaro. Mas o que isso tem haver com o titulo da postagem?

Quando eu era estudante do ensino fundamental, minha primeira referencia de filosofia não veio de minha família, mas sim da professora Alane e com as aulas dessa "fada" da educação tive a oportunidade de conhecer  o que era democracia, ouvir nomes de grandes filósofos como Platão, Sócrates e Aristóteles, aprender sobre a mitologia grega tudo isso de forma lúdica. Assim desde cedo comecei a ter uma formação cidadã e construir um pensamento critico sobre as coisas, meu primeiro contato com um pensamento cético ocorreu quando essa professora nos falou sobre o mito da caverna de Platão, um mito que nos leva a refletir se tudo aquilo que acreditamos ter visto é de fato o que estava acontecendo.

O mito da caverna de Platão me levou a perceber que nem tudo que a gente vê de fato é daquele modo, principalmente quando se trata da mídia, infelizmente por mais que se haja um esforço de alguns meios de comunicação para demonstrar imparcialidade, como tudo que envolve a humanidade vai haver parcialidade, pois sempre aquele que apresenta o ponto de vista vai privilegiar aquela ideia que ele acredita como verdadeira e não somente "mostrar os fatos". Mas porque então estou questionando a existência do aquecimento global como um mal para o planeta? O que tem haver toda essas coisas que falei acima com o problema ambiental que o planeta encara? 

Tudo começa novamente por intermédio de um professor em sala de aula, onde ele nos envia a tarefa de ver alguns videos demonstrando pontos de vista, favoráveis e contrários ao aquecimento global, onde seria na outra aula formado uma especie de tribunal que iria alguns alunos defender, outros refutar e por fim alguns analisarem os argumentos da tese que se sustenta o aquecimento globla, eu por "sorte" peguei o lado que defende a não existência do aquecimento global como um problema, principalmente que ele não seria causado pela humanidade, só que desde novo aprendi que sim o aquecimento do planeta é um problema e que tudo isso teria um menor impacto se principalmente as empresas e as pessoas tivessem mais cuidado com o meio ambiente e reduzissem o consumo de combustíveis. 

Então resumindo eu tive que ouvir e ver um ponto de vista contrario ao que eu acredito, preparei meu espirito, me concentrei para tentar ser o mais próximo da imparcialidade e ouvir as várias opiniões contrarias a aquilo que entendo como aquecimento global. Nunca antes eu tinha tido contato com esse tipo de material, já que aparentemente a mídia aberta também concorda com a maioria dos estudiosos de que sim o aquecimento global é um problema e que também ele é ocasionado principalmente pela ação humana.

Pois bem la fui eu ver esses dois videos documentários que estão no youtube:







A principio quando estava começando a ver o documentario, eu enxergava aquele bando de homens como uns lunáticos, que eles não teriam nada além de interesses de defender o capital privado e que esses lunáticos não possuíam nenhuma base para rebater uma teoria tão sustentada por inúmeros estudiosos no mundo que é o aquecimento global. Porém como meu papel na atividade consistia em defender este ponto de vista fui analisar pontos fortes nos argumentos apresentados por essas pessoas, como a explanação era curta tive pouco tempo para expor tantas coisas que era apresentado.

Me chamou atenção em um momento do documentário em que um professor universitário apresentou um gráfico sobre a alteração da temperatura do inicio da revolução industrial até o boom econômico com as grandes produções industriais, o gráfico apresentava a queda da temperatura nesse período, favorecendo no ponto de vista dele o argumento de que não seria graças as industrias que o aquecimento global seria causado. Posteriormente no outro vídeo o professor da USP fala com relação a atividade do  vulcão Etna que durante o período que esteve ativo emitiu mais poluentes que a humanidade em todo período de revolução industrial, levando a entender que o processe do aquecimento global é natural e ocasionado pela natureza.

Como bom curioso tentei buscar benefícios do CO2 e em uma das paginas também tinha o argumento de que sem o aquecimento global nos estaríamos ainda em um planeta gelado, o que tornaria a vida impossível pois inviabilizaria a produção de alimentos para os seres vivos. Com base nesses três pontos tentei defender que o aquecimento global seria uma farsa projetada somente para atender interesses de governos e ONGs.

Além desse material o professor disponibilizou mais outros videos que tratam da defesa de que o aquecimento global é sim causado pelo homem e atrai inúmeros riscos para a vida. Vide abaixo:









O bacana dessa atividade é que proporcionou a possibilidade de pessoas que, assim como eu, antes não tiveram contato com visões opostas agora puderam ter, favorecendo assim a possibilidade até de se questionar se de fato o aquecimento global é prejudicial ou se ele seria algo que estaria dentro do controle humano - se seria possível evitar - ou se a natureza esta apenas seguindo seu ciclo.

Vários desses pontos de vista podem ser achados facilmente na internet, o que vale é tentar checar as informações se elas procedem com as fontes citadas e não cair em questões já convencionadas mundialmente (tipo se um loucão quiser refutar a gravidade), fato é que devemos proteger nossas florestas pois alem de nos beneficiar ela é morada de outras especies. Depois desse conteúdo me diz ai nos comentários o que você acha, o aquecimento global realmente existe?


terça-feira, 26 de março de 2019

Desigualdade Social como agravante da pobreza

É que o de cima sobe e o de baixo desce!

Da esquerda para a direita, o clube dos homens mais ricos do mundo: Bill Gates, Amancio Ortega, Warren Buffett, Carlos Slim, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Larry Ellison e Michael Bloomberg. (Foto retirada da internet)


Em 2017 a BBC Brasil publicou em seu site uma noticia um tanto quanto curiosa, nela informa que os 8 bilionários que têm juntos mais dinheiro que a metade mais pobre do mundo. Se essa noticia não te faz acender uma luz de alerta não fique assustado, você foi ensinado a entender que essa realidade faz parte da ordem natural de nossa sociedade capitalista.

Questão é que essa naturalidade com que tratamos as desigualdades sociais advém principalmente de uma fé que possuímos muitas vezes de fazer parte do clube dos ricos. Sonhar com uma provável mobilidade social em que alguém deixa de ser pobre para ser rico é uma realidade pois no capitalismo é vendido essa ideia, porém qual a possibilidade de um dia isso ocorrer? O quão distante hoje esta as pessoas mais pobres das pessoas mais ricas?





No vídeo acima é exposto uma pesquisa realizada por um economista que é professor na universidade de Havard onde ele fez um levantamento sobre o que as pessoas pensam ser a desigualdade entre ricos e pobres nos EUA, o que elas acreditam ser o ideal para a sociedade e por ultimo a real desigualdade que existe entre ricos e pobres nos EUA. Após apreciar os dados expostos é possível encarar que o cenário de desigualdade, não somente nos Estados Unidos, mas no mundo é alarmante. 


Por isso o o sociólogo e filosofo polonês Zygmunt Bauman fez uma analise critica sobre esse tema e posteriormente escreveu um livro que em seu titulo já trás um questionamento "A riqueza de poucos beneficia todos nos?" e no decorrer do livro ele rebate a ideia de que o mercado seria o responsável por corrigir a distancia que há entre ricos e pobres. Esse livro em questão foi discutido em sala de aula no CC Universidade e contexto planetário, em uma dinâmica promovida pelo professor que possibilitou a participação de todos os alunos do componente, o primeiro capitulo do livro foi destrinchado para que os alunos tivessem a possibilidade de ler trechos e desses trechos sintetizar algo para comentar para os outros colegas. 


No trecho que eu fui responsável de ler e explanar aos colegas Bauman apresenta alguns dados do prefácio do Human Development Report do Programa de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, de 1998 onde é apresentado que  20% da população mundial abarcavam 86% de todos os bens produzidos no mundo, ao passo que os 20% mais pobres consumiam apenas 1,3%. Quinze anos depois a situação era de 20% dos mais ricos da população mundial consumindo 90% dos bens produzidos, enquanto os 20% mais pobres consumiam 1%. 


Recentemente a OCDE divulgou dados mostram que no mundo a chamada classe media vem diminuindo de tamanho e a camada de pessoas na linha da pobreza vem aumentando, tudo isso decorrente, principalmente, de mais uma crise que o capitalismo passa. O que ocorre é que da forma que esta sendo feita a relação financeira em nossa sociedade, quem nasce rico fica cada vez mais rico enquanto aqueles que nascem pobres tornam-se cada vez mais pobre e com esse enriquecer de quem já é rico, cria um enorme abismo entre as pessoas que fazem parte de cada um dos grupos, ocasionando assim uma maior dificuldade de ascensão social para os que estão na linha da pobreza. Essa reflexão me fez lembrar do texto sobre o acumulo de riqueza onde questiono sobre a necessidade humana de ter coisas que por vezes ele não vai utilizar no decorrer de sua vida.


Será que de fato e justo então viver em um mundo com desigualdades? É justificável poucos terem muito enquanto uma grande parcela tem tão pouco? Deixe sua opinião nos comentários.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Os Muros

Em uma das aulas do CC Campos das Humanidades, discutimos em sala sobre uma das questões que são tabu em nosso planeta, os muros. Porém não simplesmente os muros que rodeiam casas e condomínios mas muros que segregam e carregam em seu concreto inúmeros problemas que assolam a vida humana em sociedade.

Disso a professora Regina Soares, ministrante do CC, disponibilizou em nosso portal o Sigaa, videos de uma serie realizada pelo canal Tv Folha, que tratava sobre os vários muros mundo a fora. Para introduzir em sala de aula foi realizado uma dinâmica onde todos os alunos presentes se dividiram em grupos e sendo cada grupo responsável por elaborar ugamentos a favor e contrários a existência dos muros.

Nos videos temos muros retratados na fronteira entre Estados Unidos e México, Quênia e Somália, Servia e Hungria, Israel e Cisjordânia, Brasil e por fim no Peru. Minha equipe ficou responsável por reportar o vídeo referente ao muro que entre Israel e Cisjordânia. Abaixo é possível ter acesso ao vídeo:



A partir disso alem de assistir o material disponibilizado realizamos uma pesquisa mais profunda sobre o conflito social que ocasionou o nascimento do muro. Na dinâmica a gente pode aprender de forma lúdica o que os colegas também pesquisaram, teve colegas que encarnaram de fato o papel de defensores (mesmo sendo contrários), o que proporcionou uma melhor concepção sobre os problemas e possíveis soluções para que esses muros deixem de existir ou que permanecesse caso fosse eficiente na função desejada.

Em maioria dos casos (se não na totalidade) os muros apresentados se apresentavam como uma especie de solução para amenizar algum problema social geralmente ligado a questões de segurança. Onde um determinado grupo se sentia ameaçado com a presença de outro e para evitar conflitos diretos ou outros problemas tornaram o muro como uma solução. 

No caso do muro em Israel o conflito histórico entre o povo israelense e palestino esta diretamente ligado a existência desse muro. O conflito nessa zona se ocasiona principalmente por questões territoriais, onde vemos o povo palestino pouco equipado de modo desesperado tentando enfrentar a autoridade que o estado de Israel impõe sobre eles. Nesses enfrentamentos muito sangue foi derramado durante décadas, até que houve a proposta da construção do muro, assim após a construção houve uma redução dos ataques feitos por palestinos no território israelense. 

Porém quando construído o muro acabou trazendo com ele algumas dores, tirando o direito de pessoas de circular livremente por terras que antes elas produziam ou tinham uma certa ligação familiar ou pessoal. Além de dificultar a entrada de pessoas que trabalham em Israel. Vou mais além quando afirmo que o muro também serve para menosprezar o povo palestino, que curiosamente hoje é um povo que possui um estado considerado membro da ONU com status de Estado Observador, e possui um reconhecimento similar ao de Israel que foi fundada em assembleia geral da ONU. 

Para o muro deixar de existir, ou melhor colocando, para o conflito sessar é necessário que ambos os povos abram mão de algumas das exigências. Porém as ultimas noticias que se tem não são animadoras para aqueles que sonham com o fim do conflito, o governo de Trump decidiu de modo arbitrário mudar a sede de sua embaixada em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, além disso o congresso israelense decidiu instituir o estado de Israel como um estado Judaico e admitindo apenas a língua judaica como a oficial, essas manobras claro ocasionou muitos protestos da comunidade árabe e internacional, pois foi pivô de conflitos entre soldados israelenses e civis palestinos, chegando a alguns serem assassinados por soldados de Israel em protestos.   

Diante disso é possível afirmar que dificilmente esse muro deixará de existir nas próximas décadas.

domingo, 5 de agosto de 2018

Debate em sala

Em uma das aulas do CC Campos das Humanidades, tive o privilegio de poder participar de um debate provocado pela professora Regina Oliveira, referente a algumas de questões que ainda são tabu em nossa sociedade. A visão dos imigrante em relação a aceitação no Brasil e a questão da implantação da politica de cotas em universidades. Abaixo você pode assistir a ambos os videos apreciados em sala de aula:








O mais interessante desse debate é poder encarar a questão de como o outro vê aquilo que ele determina como seu espaço. Em ambos os videos vemos relatos de pessoas que até então seriam estranhos em um certo ambiente em que predominantemente já existia um grupo e esse grupo por vezes reage de algum modo a presença desses indivíduos.

No caso dos Angolanos fica nítido o quão muitos brasileiros ainda tem em si uma bagagem destorcida de como encarar seus imigrantes, muitos dos discursos apresentados demonstram o quão regado de preconceitos e esteriótipos é a nossa visão sobre o povo africano. Aproveito ate para fazer de certo modo um link ao que foi descrito no post sobre o risco de uma unica historia, onde vemos a concepção equivocada de muita gente em relação ao povo de países da Africa. O desconhecimento para com o que esses indivíduos são torna para muitos de nossos compatriotas  esses indivíduos uma especie de desconhecido, um estranho que invade seu espaço e que muitas vezes não é bem visto nesse ambiente, prova maior disso é o desentendimento e os constantes conflitos ocasionados pela presença de imigrantes venezuelanos em Roraima.

No caso do vídeo que trata sobre a implantação da politica de cotas na USP o que há de similar é a reação não muito positiva dos atores sociais que naquele espaço já estavam estabelecidos, a presença de estudantes negros na USP é algo muito baixa em relação a muitas universidades publicas no Brasil. Essa ausência decorre  por conta de inúmeros fatores raciais e sociais encrustados em nossa sociedade que privilegia o homem branco em detrimento do jovem negro, primeiro por encarar uma sociedade que respira em suas diversas instancias a instalação de um racismo sistêmico, que coloca nosso povo negro em um lugar de subalternização, que atribui cargos com menos valorização a negros, que impõe ao jovem muitas vezes ter que abandonar o estudo ou conciliar a vida de estudante com a de trabalho para ajudar a por um prato de comida na mesa, segundo que nosso sistema publico de educação básica é falho, mesmo havendo na lei a obrigação de se fornecer um ensino para todos os brasileiros nos vemos que por muitas vezes essas palavras não saem do papel. 

Por conta de um conjunto de fatores que torna nossa estrutura educacional em muitos lugares deficientes com nossos professores mal valorizados, com muitos estudantes de licenciatura tendo uma formação rasa, pois não há um interesse em se investir mais em educação, por muitas vezes as aulas são canceladas por falta de merenda, energia, água e professores, e esse jovem que passa por tudo isso quando conclui o ensino médio se tiver a oportunidade de sonhar em fazer um ensino superior ele tem que competir por uma vaga com outros estudantes, muitos desses estudantes nunca precisaram trabalhar, nunca perderam aula e muitos de seus professores tiveram uma qualificação tão boa que lhe fizeram conceber melhor todos os assuntos. Disso vemos turmas de medicina majoritariamente formadas por brancos, filas de desempregados brigando por vagas de emprego composta majoritariamente por negros.




No vídeo alguns alunos entram em salas de aula para dialogar com outros alunos com relação a importância de se promover a politica de cotas na USP e alguns alunos na sala manifestam-se contrários a presença deles na aula pois estariam incomodados com o fato de não estar tendo a aula a qual eles estavam tendo. Visivelmente fica nítido o incomodo de membros daquele grupo com a presença desses indivíduos que la dialogavam em implantar uma politica que tornaria mais complexo a entrada de muitos dos já habituados ocupantes desse espaço. Nossas universidades por seculos foi espaço das elites brancas e com o sucesso da politica de cotas em abrir espaço para que jovens que antes não tinham possibilidade de estar em uma universidade hoje eles estejam ocupando esses espaços, porém essa conquista por muitos é vista como uma ameaça que deve ser barrada.

É extremamente lamentável ver em nosso país o quanto ainda os privilégios existem e pior ainda ver os privilegiados reagindo contra politicas que são necessárias para auxiliar os que mais precisam. Estamos em um período preocupante que sem duvidas ainda deve causar muitos calafrios.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

SEGUINDO NO PERCURSO DA EDUCAÇÃO

''Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. ''Paulo Freire

Imagem Google: Retrato de Paulo Freire

Educar vai além de transferir conhecimento, educar é aprender ensinando, é dividir o pouco que se sabe e assim criar mais ideias. Pensando em uma educação que aprende junto e ensina aprendendo que comecei a questionar o papel da educação para nossa sociedade.
Que tipo de educação precisamos? Qual é o meu papel neste processo? Foi com estes questionamentos que entro na UFSB encantado por um modelo de ensino inovador, inclusivo, que pensar sobre os diversos saberes e sua importância na sociedade. Hoje me vejo com a necessidade de ser um agente da educação, ser um educador é um sonho que vem sendo construído durante minha passagem por essa instituição.
Por ver a possibilidade fazer parte da construção de uma educação transformadora tenho escolhido ser professor, confesso que tenho muitas barreiras pela frente em uma país que não valoriza a educação e tão pouco o educador. Mas não poderia ser eu, sem o sonho de transforma a realidade, ver na educação a verdadeira revolução, ter um Brasil mais justo para que todos possam ser livres e só ela tem o poder de emancipar.

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Importância do senso comum para o conhecimento cientifico

Com certeza em sua casa por diversas vezes algum parente lhe indicou algum tipo de chá visando ajudar a passar alguma enfermidade ou sintoma que você tenha apresentado. Tudo isso faz parte do conhecimento popular, conhecido como senso comum, aquela dica caseira que muita gente lhe da só que não possui muitas das vezes comprovação cientifica. Se liga no vídeo abaixo:




O que muita gente não imagina é que muitos desses conhecimentos, por vezes ignorados pela academia, são eficientes e por vezes serviram como amparo para nortear pesquisas cientificas entorno de alguma questão levantada sobre a veracidade desse conhecimento popular.

Um caso famoso é de uma pesquisa realizada na UNIFAL de Minas Gerais, em que os pesquisadores comprovaram que o chá feito das folhas de Pitanga-do-cerrado, é eficiente para o controle do diabetes. Esse estudo nasceu após os pesquisadores verem que não havia nenhuma referencia literária que comprovasse a eficacia desse chá no tratamento do diabetes e que mesmo assim esse chá já vinha sendo usado por populares para fins de auxiliar no tratamento da doença. Abaixo é possível ver uma reportagem feita pelo programa Globo Repórter tratando sobre  essa pesquisa:




Com isso é possível enxergar o quão importante pode ser o conhecimento popular, tanto para a manutenção de nossa existência quanto para o conhecimento cientifico.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Riscos de uma unica história

Sabe aquela frase que muitos ouviram quando eram crianças e deixavam algo no prato de comida? Aquela "Você não vai comer tudo? Não pensa nos meninos da Africa?" muita gente com certeza  já ouviu de alguém próximo essa frase, o que não se imagina é o quão negativa ela pode refletir na formação dessa pessoa que ouve.

No portal Sigaa a Professora Regina Oliveira, que ministra o CC Campos das Humanidades, disponibilizou para os discentes um vídeo que trata sobre o "Perigo de uma unica historia", o vídeo gravado durante uma palestra onde a escritora Nigeriana Chimamanda Adichie ela relata historias que ela pode vivenciar para fundamentar o porque ela acreditava ser um perigo concebermos apenas uma unica historia. Abaixo é possível ver o vídeo na integra:


No decorrer do vídeo pude analisar o quão carregado de esteriótipos e preconceitos, era minha visão para com alguns povos, essa visão muitas vezes regada pela construção cultural de tive advinda principalmente pela industria cultural, acerca de lugares e pessoas que nunca tive contato ou possibilidade de ver como de fato elas vivem em sociedade. Disso desde criança eu acha lindo ver a astros brancos de Hollywood adotando crianças de países emergentes da Africa, ou simplesmente confundia o continente africano como se fosse uma só nação, com um só povo que vivia em constante conflito e necessitava da ajuda dos países mais ricos para ter alimentos. 

Todo esse ponto de vista foi alimentado por filmes que assistia, por novelas, livros, da boca de professores, parentes e amigos. E ela só pode ser um pouco descontruida a partir do momento em que um país africano sediou a copa do mundo, quando começou a mostrar na mídia que no continente africano tinha um país localizado no extremo sul onde havia um povo com uma economia similar ao do Brasil, que tinha riquezas, que tinha uma cultura diferente da que via em filmes, que vivenciou uma luta politica pois existia brancos que la viviam e segregavam o povo negro, que naquele país africano nevava em alguns lugares.

Esse preconceito constituído em mim que alias ressalto hoje após ver tudo isso sinto-me envergonhado por ter compartilhado de tais pensamentos, ele é constantemente difundido para milhares de pessoas em vários lugares do globo terrestre. Tudo isso nós é apresentado constantemente e não pense você que esse equivoco de levar em conta uma unica historia ocorre apenas com o povo africano como vitima, mas dentro de nossa nação temos pessoas que acreditam que no norte e nordeste do país só existe pobreza, e nunca se passa na mente de algumas pessoas que em Manaus haja um polo tecnológico, ou que o Acre seja um estado em que seu povo tenha acessoa a internet (sim acreditem já ouvi isso de um amigo Capixaba).

Ter apenas uma unica historia é ruim pois liga diretamente um certo personagem que muitas vezes retrata um povo a um determinado arquétipo que na maioria dos casos não é verdadeiro, como o fato de achar que todo nordestino tem um sotaque igual, o que leva muitos amigos de fora da região sul da Bahia a vim se assustar com o modo que falo, eu também sou nordestino, baiano porém por vezes me questionavam porque minha forma de falar era tão distinta do modo de falar que eles veem por exemplo na novela Gabriela ou o filme Ó pai, Ó. 

Quando enxergamos de modo mais diversificado os retratos de um povo e tornamos possível que um povo possa mostrar perante o outro os seus diversos atores sociais, damos margem para que  as pessoas entendam que existe sim baiano com diferentes sotaques, que tem internet, shopping, aeroporto e asfalto no Acre e que Manaus é uma das mais importantes capitais com seu polo industrial. Só assim cai por terra esses esteriótipos.