quinta-feira, 2 de maio de 2019

Qual seu patrimônio hoje? Aumentar esse patrimônio para você é importante?




Para sua vida financeira estar estável e ter uma vida digna você acredita que necessita de quanto? Em sala de aula foi feita essa pergunta e muita gente pensou em valores como 10 milhões de reais, 150 milhões e valores similares, também houve quem desse valores menores como 100 mil reais. Esse questionamento levantado foi muito importante para compreender posteriormente o quão por vezes somos pessoas que se deixam levar para o caminho do acumulo de riquezas que nossa sociedade capitalista defende.

O que muitos de nos acaba esquecendo é que esta posse de bens por vezes é nada mais que uma pratica vaidosa de nossa natureza social, na qual nos faz entender que para viver bem nós precisamos ter mais coisas, mais posse e mais poder. Só que o que vemos é que por vezes as pessoas se preocupam tanto em adquirir materiais, que esquecem de viver e aproveitar esses bens adquiridos, o que transparece que eles não eram tão necessários assim e como ninguém é imortal um dia a hora da morte chega e tudo aquilo que você tem você não pode levar.

Nesta mesmo dia de aula foi passado para os alunos um texto publicado na Folha de São Paulo pelo Doutor em Ciência Politica Jorge Caldeirão cuja ele tratava sobre "A teoria do valor Tupinambá". Nesse texto ele inclui o relato de um missionário francês que acompanhava expedições para a extração do pau-brasil e como nesse processo de exploração houve uma participação indígena eles tiveram um contato importante com o povo tupinambá, através desse contato ele pode registrar pensamentos de um ancião tupinambá:

"Uma vez um velho perguntou-­
me: 'Por que vindes vós outros, maírs e perôs [franceses e portugueses] buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?'. Respondi que tínhamos muita, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas".

"Retrucou o velho imediatamente: 'E porventura precisais de muito?'. 'Sim', respondi-­
lhe, 'pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-­brasil com que muitos navios voltam carregados'. 'Ah!', retrucou o selvagem, 'tu me contas maravilhas', acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: 'Mas esse homem tão rico de que me falas não morre?'. 'Sim', disse eu, 'morre como os outros'."

"Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-­
me de novo: 'E quando morrem, para quem fica o que deixam?'. 'Para seus filhos, se os têm', respondi. 'Na falta destes, para os irmãos ou parentes mais próximos'. 'Na verdade', continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, 'agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-­los também? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que, depois da nossa morte, a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados'." 

O registro do argumentos a respeito de assuntos como economia era extremamente difícil nos tempos de Jean de Léry. Tão complicado que este é um dos únicos textos do século 16 que registra as ideias tupinambás. E a sabedoria exposta pela fala do ancião nos leva a refletir se de fato não é insano nossas vidas serem tão consumidas pelo trabalho, a humanidade desenvolveu tanta tecnologia, tantas técnicas para facilitar a produção e ainda assim em nome da riqueza dos donos dos meios de produção passa boa parte de sua vida servindo para enriquecer um pequeno grupo. 

O que se sabe do cotidiano dos tupinambás é de que eles viviam em uma sociedade onde cada membro tinha sua função, realizava seu trabalho em um curto período de mais ou menos 4 horas e após fazer isso ia aproveitar para fazer outras coisas para si ou para a aldeia. E sem duvidas eles deveriam viver muito mais satisfeitos que nós hoje em dia.

Seria possível trabalhar menos e ganhar mais do que se ganha hoje e produzir o suficiente para sobreviver? A resposta vocês podem me dar nos comentários. Um forte abraço!!

2 comentários:

  1. Helinduarte: gosto da tua escrita. Leve e interessante e com associações interessantes, sem ser maçante como texto acadêmico que o blog não pretende ser.

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    1. Gratidão professor Joel, espero que com essas postagens eu possa contribuir para que aqueles que desejam conhecer esse projeto que a UFSB apresenta, possam obter essas informações com uma linguagem mais acessível.

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